“Um dia me disseram que as nuvens não
eram de algodão(...)”.
Bela estrofe dos Engenheiros do Hawaii.
Um
dia me disseram. Já me disseram tantas coisas, que nem sei mais o que é verdade
ou mito. Todos gostam de opinar sobre determinado assunto, apresentando sua
opinião de forma preconceituosa, sustentadas apenas por suas convicções. Dizem:
“Que se dane a opinião do outro,
a minha deve prevalecer”.
Precisamos entender que existem possibilidades, palavra que considero bastante
desafiadora, pois afirmar que sua opinião é uma possiblidade fará revelar
possibilidades de respostas. Claro que para alguns assuntos não existem
possibilidades, mas para muitos outros... Disse Albert Einstein “O segredo da criatividade está em dormir
bem e abrir a mente para as possibilidades infinitas”.
Sobre
a vida? Possibilidades. Sobre a morte? Possibilidades. Sobre a saúde?
Possibilidades. Sobre a doença? Possibilidades. Possibilidades e
possibilidades. São muitas as possibilidades. Não tenho mais paciência para
conversar ou debater com pessoas que não estão abertas às possibilidades. A
cada dia reconheço que não sabemos tanto quanto imaginamos. Nosso conhecimento
é bastante limitado.
Penso
que não precisa forçar o outro a aceitar a sua verdade. A sabedoria está em
deixar o outro reconhecer, de acordo com seus princípios, a sua própria
realidade. O verdadeiro sábio não aceita nem impõem dogmas, pois já percebeu
que a verdade absoluta é limitada. Concorda também que ter rótulos não
representa a sabedoria. Precisamos refletir: Quantos rótulos fazem parte da
minha vida? Aceito as possibilidades? Reconhecer os rótulos e aceitar as
possibilidades nos direcionará para a verdadeira essência da sabedoria.
Certa
vez resolvemos fazer uma trilha em uma reserva de mata atlântica. No entanto,
em um determinado momento parecia que estávamos perdidos. Foi então que por ali
passava um senhor. Rapidamente me aproximei desse senhor e perguntei: “Senhor, estamos perdidos. Poderia nos
apontar o caminho para o vilarejo”?
Sabiamente o senhor respondeu: “Existem
duas possibilidades”! E
descreveu-as. Voltei para o grupo e apresentei as possibilidades, ao que
responderam: “Poxa
Bruno, não queremos possibilidades, precisamos voltar para o vilarejo”!
Fiquei sem respostas. O Senhor percebendo a confusão se aproximou e disse: “Apresentei possibilidades, não existe
caminho melhor ou pior, apenas possibilidades. Aquele que escolherem os levará
ao vilarejo com o mesmo tempo e segurança”.
Respiramos fundo, agradecemos ao senhor, e partimos.
Esse
episódio nos mostra que não gostamos das possibilidades, preferimos a resposta
pronta e rotulada. Mas quase tudo são possibilidades. Gostamos de ser
direcionados para alguma verdade, pois muitas vezes não temos paciência para
pensar sobre as possibilidades. Assim ficamos refém de determinado conhecimento
sem nem mesmo refletir sobre aquilo que estamos pensando. Muitos não têm
opinião, estão escravizados por opiniões dos outros. Precisamos ter nossa
opinião. Por isso, na minha infância, quando me disseram que as nuvens não eram
de algodão, pensei: “Tudo
bem, mas essa é uma possibilidade”!
Hyde
Park. Londres.
Fonte:
www.panoramio.com
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