Sou
andarilho das estradas da vida.
Ando
nos trilhos, mas sou andarilho.
Sou
ave sem direção em busca do ninho
Mas
buscando o ninho encontro a direção
Sou
bala perdida sem destino meio confusa
Mas
sei encontrar meu destino quando no meio da confusão
Sou
cometa girando a órbita terrestre sozinho
Mas
todos sabem que cometas não andam sozinhos
Sou
marionete controlada pelas mãos dos outros
Mas
sei que consigo cortar os cordéis e reclamar o controle
Sou
andarilho das estradas da vida.
Ando
nos trilhos, mas sou andarilho.
Sou
aquele zangão zangado fora da colmeia
Mas
quando expurgado sei levar a chave da cadeia
Sou
aquele peixe fora d’água debatendo-se na praia
Mas
sei encontrar minha praia quando cheio de mágoa
Sou
aquela árvore amaldiçoada que não dá frutos
Mas
ao invés dos frutos sei abençoar com uma sombra adorada
Sou
aquele vulcão que derrama sua lava ao entrar em erupção
Mas
sei lavar o local da explosão apagando o fogo do vulcão
Sou
andarilho das estradas da vida.
Ando
nos trilhos, mas sou andarilho.
Tem
momentos que sou andarilho andando sob os trilhos
Tem
momentos que sou andarilho andando sobre os trilhos
Tem
momentos que pareço ser forte
Tem
momentos que percebo que sendo fraco pareço forte
As
vezes sei me esconder detrás da fortaleza
As
vezes usando uma máscara consigo esconderijo
As
vezes sei representar situações como um personagem
Só
que muitas vezes o personagem simula situações esquecendo do seu esconderilho
E
esse personagem não mais representa, apresenta sua figura autêntica
Assim
sou eu
Sou
andarilho das estradas da vida.
Ando
nos trilhos, mas sou andarilho.
Poema escrito por Bruno Pitanga com a coparticipação do espírito
de Anna Luíza Ferrão Teixeira (1879-1940).
Andando nos trilhos e fora deles. Fonte imagem: mochileiros.com |