domingo, 8 de março de 2015

A essência do pavão

O pavão e a águia são aves belas. Bastante diferentes, mas que se igualam na beleza. Caso pudéssemos escolher uma máscara dessas aves, qual usaríamos? O pavão vive cerca de 20 anos, não voa, não canta, é inofensivo e capaz até de ser domesticado. Já a águia vive cerca de 35 anos, voam muito alto, apresenta um canto de arrepiar e é quase impossível sua domesticação.  Mas a beleza das duas são deslumbrantes! E a máscara, qual usaríamos? 
Certamente escolheríamos a máscara da águia, pois nela existem muitas qualidades. Essa máscara nos tornaria tão imponente como esta ave. Iriamos parecer forte. A águia é capaz de abater até mesmo o pavão. Seriamos capazes de intimidar facilmente o próximo. Mas poucos são aqueles que usam essa máscara e conseguem viver a essência das águias. Aqueles que voam alto, não para humilhar ou amedrontar, mas para estimular o outro a conseguir elaborar o mesmo voo e chegar na mesma altura.
E a máscara do pavão? Escolher a máscara dessa ave significa reconhecer suas limitações. Não voa, vive menos e é inofensivo. Poucos têm a coragem para reconhecer e expor suas limitações. O pavão, mesmo que esteja diante de uma águia, não fica intimidado, tem a coragem e a força para abrir suas penas e apresentar sua beleza. Todos, sem exceção, param seus afazerem para contemplar tamanha maravilha. O pavão nos faz lembrar que apesar de todas as nossas limitações sempre existe, em nossa essência, alguma maravilha que esquecemos. Materializar o pavão nos estimula a colocar essas maravilhas como evidência, não nos importando com as nossas limitações.
Claro que as máscaras das aves estão colocadas no sentido figurado. Na verdade precisamos refletir sobre a personalidade dessas aves e relacionar com a nossa. Envergonhar-se das próprias limitações mostra imaturidade emocional. Quando tivermos a coragem de nos assumir como um pavão certamente encontraríamos a paz. Sim, podemos encontrar essa paz observando a personalidade das águias, mas também corremos o risco de nos deixar envolver pelo orgulho e vaidade, pois como já disse, são muitas as qualidades dessa ave.
Águia ou pavão, não importa. O importante é reconhecer suas limitações e valorizar suas virtudes. Não duvide, todos temos virtudes. As vezes a vergonha das limitações nos paralisa, mas como o pavão precisamos manter a cabeça erguida. Como disse o rei do reggae Bob Marley “Não precisa ser perfeito. Pra mim, basta que seja verdadeiro.” Ser quem realmente somos, viver nossa essência, respeitar e aceitar nossas limitações, sem precisar maquia-las, esse é o desafio.   
Pavão dourado. Fonte imagem: www.imagenswiki.com