quinta-feira, 5 de julho de 2018

A jabuticaba lá de casa

A jabuticaba sempre acaba lá em casa.
Ela é capaz de deixar o tempo do rapaz em paz.
Escurecida está amadurecida, mas nunca envaidecida. 

Aquele que experimenta dessa fruta se ausculta e sepulta a insulta.
Vive, convive e inclusive revive.
Ressurge, renasce e ressuscita de forma implícita.

Doar o melhor e perdoar o pior.
Oferecer o seu amadurecer para não apodrecer.
Nascer, florescer, envelhecer, agradecer e morrer.

A jabuticaba não se gaba pela empreitada.
Sua missão sem ostentação ou procrastinação.
Afloramento com comprometimento sem faturamento.  

Seu doce não é precoce
Seu néctar conecta 
Seu porte dá sorte

Traz jabuticaba pra cá para acalmar
Reanimar, entusiasmar e proclamar 
Exclamar
AMAR!

(Bruno Pitanga)


domingo, 27 de maio de 2018

Em meio ao caos

No meio ao caos penso de quem será a culpa. Será que dos pobres caminhoneiros? Será que dos soberanos políticos? Ou será de ambos? Não sei responder a essa pergunta, mas pensei em um terceiro culpado também. Talvez muitos já tenham percebido a sua responsabilidade em toda essa problemática. Então pergunto: Qual a nossa parcela de culpa em tudo que vem ocorrendo? Será que também não temos que pensar nisso?

Meditei e refleti muito nesses últimos dias junto com as Forças Universais. E essas Forças me fizeram reconhecer que todo o caos que estamos vivento só tem um único objetivo, o de fazer com que todos nós despertemos. Sei que é uma tarefa difícil, mas precisamos aprender e não ficar buscando um responsável, pois certamente esse caos é fruto das nossas atitudes que muitas vezes são impensadas. É fundamental uma situação desse porte para que acordemos. 

Quantas vezes paramos para pensar nos doentes que estão nos hospitais lutando por sua sobrevivência. Presenciei uma conversa na faculdade entre alunos onde um deles se colocou: “Agora estou preocupado com os doentes. Agora pensei neles! Fico pensando na agonia desses doentes que lá estão! ” E eu respondi: “Fico feliz que no meio do caos você parou para pensar nessas pessoas. Se antes você não pensava, agora aprendeu a pensar. Muito bom. ” Realmente esse caos despertou algumas pessoas que antes dormiam, que nunca pensavam em nossos irmãos nos hospitais.

Quantas vezes nos preocupamos com a escassez dos alimentos nas prateleiras dos supermercados. Estive em um estabelecimento comercial desses em meu bairro e notei a conversa de um pai com suas duas filhas, onde uma delas insistia que queria comprar ainda mais um determinado gênero alimentício para deixar armazenado em sua casa. Eis que disse o pai: “Filha, precisamos pensar nas outras pessoas também, tem pouco disso aí, e precisamos deixar para os outros.” Minha alma se encheu de alegria e contentamento. Não perdi tempo e cumprimentei logo aquele pai. E ele me disse: “Querido, hoje precisamos pensar em todos.” Hoje! Que bom que esse dia chegou, ele deu o primeiro passo. Hoje ele pensou em todos e ensinou para suas filhas sobre a cidadania. O hoje chegou. Agradeci a Deus por presenciar tudo isso!

Quantas vezes refletimos que o dinheiro não compra tudo. Em um desses postos de gasolina vi uma senhora chegar com aqueles carros caríssimos, que deve custar o mesmo preço que um apartamento popular.  Ela furou a fila, desceu do carro e falou diante de todos: “Eu tenho dinheiro!” Abriu sua carteira e mostrou sua quantidade em espécie. Eis que o frentista falou: “Senhora, por favor, não precisamos disso, todos atrás da senhora também têm o mesmo dinheiro para pagar a gasolina.” Ela olhou para a fila, pensou no que fez e partiu. Que coisa, mais uma vez o caos despertou um espírito. Fez ela pensar que todo aquele dinheiro não tem valor algum. Que todos nós somos iguais!

Muitos somente agora vão passar a valorizar ainda mais os caminhoneiros, os varredores das ruas, os profissionais das vans escolares, os motoristas de ônibus e afins. Vamos ter mais compaixão com aqueles que sofrem com a pane seca, e saberemos perdoar essa infração de transito. Vamos sentir falta das missas, dos cultos religiosos, das doutrinárias espíritas e até mesmo das aulas que foram cancelas. Enfim, vamos aprender a valorizar mais as pessoas e as situações simples do dia-a-dia. Realmente somente valorizamos algo quando a perdemos. 

Quando, até quando, por quanto tempo dormiremos? A culpa disso tudo é de todos nós. Precisamos agradecer mais, a ficar procurando um culpado. Atitudes mesquinhas como essas só fazem inflamar ainda mais a situação. Vamos olhar para nós mesmos e enxergar nossa responsabilidade também. Desejo paciência aos caminhoneiros, discernimento aos políticos e fé para toda a população brasileira.  


sábado, 12 de maio de 2018

No palco a alegria e a tristeza


São vários os relatos que escuto após alguma palestra, depoimentos sobre as causas do sofrimento, as tristezas que machucam, a lágrima derramada... escuto com o ouvido da alma e dou permissão às forças do Universo para atuarem sobre mim, pois sei que assim serei intuído sobre a palavra que deverá ser dita naquela hora, que tem como objetivo consolar aquele ser cansado de viver. Dentre os inúmeros depoimentos um me chamou muito a atenção, e quero poder compartilhar com vocês. Trata-se de uma garotinha de quinze anos, que aprendeu muito cedo sobre a tristeza, depressão, melancolia e a dor de uma carência.
Cheguei no teatro da escola, e logo fui chamando para o palco. Era uma palestra para jovens entre 15 a 17 anos. Me concentrei e comecei, o tema era o seguinte: “Eu posso, eu quero, eu consigo”. Mas nessa palestra, assim como em outras, ocorreu uma intuição, parece que o Universo direciona as minhas condutas nas palestras.  As Forças Universais pediram que chamasse alguns jovens ao palco, lá eles deveriam relatar sobre suas alegrias, sobre aquilo que te dá motivação para continuar vivendo, que falassem seus sonhos. Assim o fiz, chamei dois jovens, um garoto e uma garota, ambos com quinze anos. O garotinho falou que estava feliz pois conseguiu falar para os amigos o quanto ele os amava, e que ficou mais feliz ainda quando escutou que o amor que ele sentia era recíproco. Foi muito aplaudido, e aproveitei o gancho para conversar com os outros jovens sobre a importância de falar sobre os seus sentimentos. Citei um trecho de uma linda poesia de Clarisse Lispector. O título é o peso da alma. Diz Clarisse: “Minha alma tem o peso de uma palavra não dita, prestes quem sabe a ser dita”. Percebi que plantei uma sementinha naqueles garotos e garotas, pois todos ficaram em um momento de reflexão.
Agora era a vez da garotinha, era o momento dela relatar suas alegrias. Ela pegou o microfone e já começou a chorar, neste momento a abracei e disse: “Não precisa falar, só fale se realmente quiser”. Mas ela insistiu que queria falar, que precisava contar para todos os colegas sobre a sua alegria. Então ela respirou fundo e começou: “Estou muito feliz e ao mesmo tempo triste. Hoje meu dia foi maravilhoso, vou agradecer a Deus por esse dia para sempre. Hoje encontrei minha paz e felicidade. Mas junto com todos esses sentimentos me sinto triste também, angustiada, com medo”. Percebi que todos no auditório estavam atentos para o que ela ia dizer. Então ela disse: “Meu pai hoje perdeu o emprego, trabalho que era fundamental para manter a nossa família, não sei o que será de nós agora”. E ela continua o desabafo em meio a muitas lagrimas: “Esse é o motivo da minha tristeza, a demissão de meu pai. Mas estou feliz também, estou confusa”. E perguntou a plateia olhando para mim: “É possível acontecer isso? Alegria e tristeza ao mesmo tempo?” E continuou: “Tenho quinze anos de idade, e durante todo esse tempo  meu pai nunca havia almoçado comigo, ele não tinha tempo. Mas hoje por causa da sua demissão, ele foi almoçar em casa, e juntos almoçamos em família. Senti uma alegria incrível, queria mesmo era parar o relógio para sempre naquele momento”. Ela foi aplaudida pelos colegas e a abracei. Todos na plateia se sensibilizaram com o desabafo da garotinha, inclusive eu. Encerrei a palestra com alguns comentários e sai do palco muito emocionado, e aí pensei: Quantas famílias hoje ainda almoçam juntas? Lembro que na minha infância isso era uma obrigação. O almoço só era servido com todos juntos na mesa, seguido por uma oração! Hoje sei que essa atitude de meus pais foi fundamental para a construção da minha personalidade; personalidade essa que me orgulha muito.
Parece que as famílias se dissolveram, e os adolescentes estão com a alma aflita, perdidos. Para silenciar suas dores preferem recorrer as drogas, mas de quem será a responsabilidade? Dos jovens, dos pais ou da sociedade? Certamente dos pais, que deixam a educação dos filhos nas mãos da escola. Agora entendo porque nosso mundo está assim. Com muitos adultos orgulhosos, prepotentes e com vários transtornos psicológicos.  Peço à você, pai ou mãe, que lê esse texto: Faça o impossível para estar junto ao seu filho ou filha. Teremos um mundo melhor se você fizer a sua parte como pai ou mãe. Se aconteceu de ter um filho ou filha, assuma a responsabilidade da sua educação. Por isso, agora mesmo, chame logo seus filhos para um almoço ou jantar. Vamos assim contribuir para um mundo melhor.


segunda-feira, 5 de março de 2018

Quebra-mar

Ouvir falar que o amor pode matar
Aniquilar, boicotar sem contestar
Não sei, não quero acreditar

Ouvir dizer que o amor pode fazer adoecer
Apodrecer, enraivecer e falecer
Não sei, não quero crer

Ouvir depois que o amor só a dois
Nesse caso, nenhum dos dois
Não sei, não queremos ficar a sós

Ressuscitar, bem-estar e liberdade para amar
Deixe o amor se manifestar
Da forma que ele desejar

Escutei da brisa do mar
Que amar significa ir além-mar
Nunca se subestimar

Escutei da estrela do mar
Que regenerar é o segredo para o amor prosperar
Sempre se renovar

Escutei do quebra-mar
Que quem ama se protege do azar
Escudar para se salvar

Ama quem sabe amar o âmago do amor
A alma do amar está em saber acalmar o mar
Amo aquele que conhece o imo íntimo do amor





terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Reflexões de um carnaval

Em meio à multidão fico pensado o que estou fazendo ali. Me sinto totalmente fora de contexto. Fora de sintonia com a maior festa de rua do planeta. Até tento me ligar, mas não consigo. Me sinto um verdadeiro peixe fora d'água, bom seria que esse peixe criasse pernas e saísse correndo para longe, mas para muito longe mesmo. Só que até para sair dessa festa é difícil, pois moro dentro do circuito do carnaval, e essa festa vem até mim. Preciso de muita meditação para suportar essa tamanha loucura. Até tento colocar uma máscara e arriscar uma associação, mas nada, literalmente nada. Fico pensando nos meus pés, no tempo gasto para andar 100 metros, na destruição dos meus cílios do ouvido que captam o som, pois sei que a cada trio elétrico menor será minha capacidade auditiva. Enfim, penso também na minha sobrevivência. 

Penso no cordeiro, pois até tenta tirar o pecado do mundo. O pecado da luxúria. Reverenciei uma senhora de mais ou menos setenta anos puxando aquela corda grossa para ganhar míseros 51 reais. Realmente o pecado da soberba que tenta envolver algumas pessoas nessa festa cai por terra. Pois aquele que conseguir captar a agonia daquela senhora vai perceber que certamente ela queria estar em sua humilde casa. Pensei em presenteá-la com essa quantidade em dinheiro, mas quando tomei a iniciativa ela já tinha desaparecido do meu campo visual.     

Penso em uma criança de quinze anos que aparentava já ter comemorado uns vinte aniversários sendo cortejada por um folião. No momento que ele tentou puxar a garota para seus musculosos braços seus pais apareceram, e uma roda da discórdia foi formada. Todos queria assistir ao espetáculo. Não era mais importante o artista que passava lindamente, mas os socos e pontapés que eram lançados no tempo e no espaço. Tentei entender quem estava com a razão.

Penso em duas garotas que encerravam ali a sua amizade. Uma gritava para outra aquilo que mais parecia o refrão de um desses péssimos hits do carnaval. "- Eu não peguei ele. Já te disse, eu não peguei ele." A outra chorava muito. Tentei uma conversa com elas. E as duas juntas cantaram em coro, num dueto. "- Não se meta, pois se não vou meter a porra em você." Calei minha boca e sai pensando: Que porra é essa?

Penso em uma mulher lindamente arrumada com um salto de uns quinze centímetros tentando chegar ao seu camarote. Coitada. Certamente quando chegasse no seu coliseu estaria com a cara do carnaval. E o pior, lá estaria presa, presa para sempre. Um local onde não se pode sair para fazer nada, e se sair não seria mais bem-vinda, seria repudiada até a alma. A única forma de sair dessa prisão é morta! Aprisionada em uma festa que propaga a liberdade, a diversidade. Lamentável. 

Penso nas pessoas que queriam beber outra marca de cerveja, refrigerante ou água. Mas que eram obrigadas a consumir uma determinada marca. Certamente os donos da lei não pensam na população, mas apenas em seus interesses pessoais medonhos e redondos.

Penso em um pai com seu filho sentado sobre seus ombros durante a folia, mas não penso na dor dele por estar suportando uns 40 kg, não! Penso na educação, no estímulo a violência ali representada, pois o pai entregou ao seu pobre filho um martelo inflável e autorizou o jovem a bater agressivamente na cabeça de todos que por ali passavam. Claro que também fui batizado pela criança, mas não perdi a oportunidade de retirar o brinquedo da mão do filho e acertar a cabeça do pai. O mesmo sem entender nada pediu desculpas e terminou com a brincadeira do menino.

Penso em alguém que apareceu na minha frente e tentou me roubar um beijo. Sem nem mesmo querer saber se eu estava com outro alguém, se estava afim, enfim. Acho massa os beijos do carnaval, mas como já dizia minha avó “. Quando um não quer, dois não brigam. ”

Passei quatro horas no carnaval e pensei bastante. Depois de compartilhar meus pensamentos com um grupo de amigos. Falaram: "- Mas Bruno, carnaval é assim mesmo."

Pensei: Será?

Vou ter que pensar mais para responder.

Bruno Pitanga

Bruno Pitanga, arquivo pessoal. 



domingo, 7 de janeiro de 2018

Sonho vindouro

Vejo a vida como se fosse um barquinho a vela a navegar
Nós somos a tripulação tentando encontrar a direção
Os remos serão a salvação para a guarnição não naufragar
Mas a vida, a vida será o barco que navega a mercê da oração

Todos os tripulantes precisam seguir adiante
Estão aflitos, buscam o alívio para seus conflitos
Já estão cansados do mar inconstante
Não suportam mais os muitos intemperes malditos

Saber usar os remos será a atribuição da tripulação
Os remos que irão remanejar a direção
Conduzirão para a proteção da introspecção
Pensar, meditar e ponderar a melhor forma da transcursão

A apreensão será menor quando souberem agradecer
Ao vendaval brutal fatal trivial
Que conduz seduz induz à luz
Luminosidade que traz humildade a mais

A vida terá sentido e será sentida assim
Quando servir ao seu sinônimo se tornar seu serviço
Vir e dirigir-se a ouvir aquele infeliz
Surgir e emergir para agir assim e ser feliz

Sim, veremos o porto seguro
E avistaremos terra para plantar o futuro
Nascedouro e duradouro
Refúgio para o sonho vindouro